Cortes em financiamentos ameaça fechar metade das organizações de mulheres em zonas de conflito
- www.jornalclandestino.org
- 14 de mai.
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Um novo relatório divulgado nesta terça-feira (13) pela ONU Mulheres acendeu um sinal de alerta para a sobrevivência de organizações lideradas por mulheres em contextos de crise humanitária. A pesquisa mostra que 47% dessas entidades podem ser obrigadas a encerrar suas atividades nos próximos seis meses devido a cortes generalizados de financiamento.
O cenário é especialmente grave em um momento em que 308 milhões de pessoas em 73 países dependem de assistência humanitária – número que continua a crescer. Mulheres e meninas são as mais impactadas pelas emergências, enfrentando riscos elevados de mortalidade materna, desnutrição e violência sexual.
Apesar da crescente demanda, o sistema humanitário enfrenta um déficit severo de recursos. De acordo com o levantamento feito pela ONU com 411 organizações femininas que atuam em zonas de conflito, 90% já sofreram cortes no orçamento. Mais da metade (51%) precisou suspender programas, inclusive os voltados ao acolhimento de sobreviventes de violência baseada em gênero.

A situação levou quase 75% dessas entidades a demitir parte significativa de seus quadros de funcionários. Muitas já operavam com recursos escassos antes mesmo da recente onda de cortes.
Para a chefe da Ação Humanitária da ONU Mulheres, Sofia Calltorp, o cenário é crítico. “Essas organizações são a linha de frente da resposta humanitária. O colapso de seus serviços significa colocar em risco a vida de milhares de mulheres e meninas.”
Apesar dos desafios, a ONU destaca a resiliência dessas lideranças femininas, que continuam atuando com coragem e comprometimento para proteger suas comunidades. Em resposta ao quadro alarmante, a agência recomenda que doadores priorizem o financiamento direto, flexível e de longo prazo às organizações locais lideradas por mulheres.
“Apoiar essas iniciativas não é apenas uma questão de justiça e equidade – é uma necessidade estratégica para uma resposta humanitária eficaz”, concluiu Calltorp.