Evacuação de beduínos em Sweida mascara repressão do regime sírio
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- 21 de jul.
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Evacuação forçada de famílias beduínas em Sweida expõe nova face da crise síria
Em meio a semana marcada por intensos confrontos que deixaram mais de mil mortos, o governo sírio iniciou nesta segunda-feira (21) a evacuação de famílias beduínas da província de Sweida, ao sul do país. A ação, conduzida sob supervisão das forças de segurança interna, está sendo apresentada pela mídia estatal como uma medida de proteção civil, mas é vista por analistas e organizações de direitos humanos como mais um episódio de deslocamento forçado e controle populacional no contexto da prolongada guerra civil síria.

Segundo informou a televisão estatal, as famílias que estavam “presas” em Sweida começaram a deixar a região com escolta oficial. O brigadeiro-general Ahmad al-Dalati, chefe da segurança interna da província, afirmou que todos os civis que desejarem evacuar terão garantia de proteção e, eventualmente, poderão retornar. “Nosso objetivo é restaurar a estabilidade em Sweida”, disse ele, sem comentar as causas do recente colapso da segurança na região.
Sweida, com significativa presença drusa, tornou-se palco de violentos confrontos entre milícias tribais, forças estatais e combatentes locais. Nos últimos dias, os embates se intensificaram especialmente nos distritos rurais, forçando centenas de famílias a fugir. Um cordão de segurança foi montado ao redor da província para conter novos choques e permitir a evacuação, mas a presença crescente das forças do regime levanta suspeitas sobre os reais objetivos do governo.
A operação de evacuação foi coordenada entre os comandos militares de Sweida e da província vizinha de Daraa, onde famílias deslocadas foram recebidas. Em paralelo, comboios de ajuda humanitária começaram a chegar à região, que enfrenta escassez crítica de alimentos, remédios e serviços básicos.
No sábado, o presidente interino Ahmed al-Sharaa (Al Jolani) anunciou um cessar-fogo após dias de intensas batalhas envolvendo grupos drusos e beduínos. A trégua contou com apoio internacional de países como Estados Unidos, Turquia e Jordânia, e representa o primeiro alívio significativo na região em semanas. Ainda assim, a situação permanece volátil e imprevisível.
Apesar da tentativa de enquadrar a operação como um gesto humanitário, organizações de direitos humanos alertam que a evacuação ocorre em um cenário de colapso humanitário e insegurança extrema, onde milhares continuam sob risco. Denúncias de violações e repressão por parte das forças estatais seguem sendo reportadas, enquanto o regime tenta reestabelecer seu controle territorial sob o manto da “normalização”.


























































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