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Futuro Incerto: a sobrevivência do Hamas após a conclusão do acordo de Trump

O plano de Trump, composto por 20 pontos, propõe um cessar-fogo abrangente, o retorno de prisioneiros israelenses, o desmantelamento das capacidades militares do Hamas e a formação de um governo de transição na Faixa de Gaza. A posição do Hamas, mesmo que preliminar, levanta questões importantes sobre sua estratégia de sobrevivência e o papel futuro na política palestina.


Segundo analistas, em matéria publicada pela The New Arab, diversos fatores influenciaram a decisão do Hamas. Abdel Fatah Dawla, porta-voz do Fatah, explica que pressões diplomáticas internacionais e regionais, combinadas com ameaças diretas de Trump de que a rejeição do acordo permitiria a continuidade da ofensiva israelense com total apoio dos EUA, foram determinantes.


A situação humanitária em Gaza também pesou na decisão. Dois anos de guerra deixaram o território em colapso, com infraestrutura destruída, hospitais e escolas severamente danificados. O número oficial de mortos ultrapassa 66.000, enquanto estimativas independentes sugerem até 180.000 quando incluídas vítimas indiretas. Organizações internacionais e especialistas consideram a guerra de Israel contra Gaza um genocídio.


Segundo o analista político Murad Harfoush, a devastação de cidades e a morte de líderes do Hamas obrigaram o grupo a adotar uma postura pragmática, buscando reduzir pressões e frear a guerra. Além disso, a posição regional mudou: aliados como o Hezbollah têm papel mais limitado, reduzindo a capacidade de barganha do Hamas.


O plano militar israelense "Gideon’s Chariots 2", que cercou Gaza, intensificou bombardeios e deslocou mais de um milhão de pessoas em condições humanitárias críticas. Diante disso, o Hamas percebeu que suas opções eram cada vez mais restritas.


HAMAS ©THE NEW ARAB
HAMAS ©THE NEW ARAB

A linha vermelha das armas

Embora tenha mostrado abertura ao plano de trégua, o Hamas mantém firme sua posição sobre o desarmamento, considerado uma linha vermelha. Um alto funcionário do movimento explicou que o grupo poderia negociar o futuro de suas armas apenas dentro de um contexto nacional mais amplo, envolvendo outras facções palestinas.


Ali Al-Jarbawi, da Universidade de Birzeit, observa que o acordo oferece opções limitadas de saída seguras: alguns palestinos poderiam deixar Gaza, enquanto outros permaneceriam, desde que as armas fossem geridas de forma controlada. Ele aponta que o acordo abre perspectivas para soluções futuras, mas exige esforços significativos.


A posição do Hamas foi cuidadosamente calibrada após consultas com aliados árabes e outras facções de resistência, recebendo aceitação moderada entre os grupos palestinos. O Egito anunciou a intenção de organizar uma conferência nacional para harmonizar posições e fortalecer a responsabilidade política.


Embora o arsenal do Hamas continue sendo uma questão sensível, o movimento não aceitou a entrega de armas em sua resposta a Trump, reafirmando que só discutirá o desarmamento após a criação de um Estado palestino independente. Especialistas consideram que o Hamas possui armas relativamente simples, muitas fabricadas localmente, e precisa agora reorganizar-se internamente e definir uma nova visão política compatível com o cenário regional.


Mudanças estratégicas também estão sendo discutidas dentro do Hamas, incluindo a possibilidade de alterar o nome do movimento para refletir uma nova fase.



A reação em Gaza

Nas ruas, a resposta da população é mista. Muitos moradores, traumatizados pelo deslocamento, fome e destruição, expressam frustração e descrença, questionando a capacidade do Hamas de proteger Gaza. Outros veem a possibilidade de cessar-fogo como um caminho para alívio humanitário e estabilidade política.


O Hamas, por meio de um alto funcionário, reafirmou o compromisso com a libertação de prisioneiros israelenses dentro de uma troca garantida internacionalmente, insistindo na necessidade de assegurar direitos e interesses dos palestinos. Ao mesmo tempo, destacou que continuará resistindo à ocupação de forma estratégica, preservando sua influência política e militar até que condições mais favoráveis surjam.


O papel do Hamas no futuro político palestino permanece incerto. A divisão histórica entre facções complica a construção de consenso, mas a aproximação do movimento às posições de outras entidades, como a Autoridade Palestina e a Organização para a Libertação da Palestina, abre a possibilidade de integração dentro de um projeto nacional mais amplo.


Para que o plano de Trump se concretize, é necessário que compromissos sejam traduzidos em ações reais, com supervisão internacional garantindo que todas as partes cumpram suas obrigações.

 
 
 

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