Irã derrota o imperialismo na guerra de narrativas: Por que o Brasil não pode mais se calar diante do ataque ao BRICS?
- Rafael Medeiros

- 26 de jun.
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Por Rafael Medeiros | Jornal Clandestino | TREZZE Comunicação Integrada
1. A Estratégia do Caos Controlado: Trump, a Máquina de Propaganda e o "Nobel da Paz" como Cortina de Fumaça
A política externa dos Estados Unidos, especialmente sob a administração Trump, opera em um duplo jogo perverso: ameaças públicas de guerra seguida de gestos teatrais de "paz", tudo para consumo midiático. Quando Trump anunciou, em pleno Twitter, que bombardearia o Irã em resposta a supostas ameaças, ele não estava apenas inflamando tensões — estava testando os limites da guerra híbrida, onde a violência militar anda de mãos dadas com a manipulação da opinião pública.
Essa tática não é nova. Israel já usou o mesmo manual: ataques preventivos ilegais (como o recente bombardeio ao consulado iraniano na Síria, violando a soberania de um Estado terceiro), seguidos de discursos sobre "legítima defesa". O objetivo? Criar um estado de tensão permanente, onde a ameaça justifica a escalada militar, enquanto a mídia corporativa vende a imagem de um "pacificador" em busca do Nobel.
Mas por trás dessa cortina de fumaça, o que está em jogo é a destruição sistemática do direito internacional. Os EUA e seus aliados violam a Carta da ONU, ignoram tribunais internacionais e desrespeitam acordos multilaterais (como o Plano de Ação Conjunto, que limitava o programa nuclear iraniano em troca de sanções suspensas). A mensagem é clara: as regras só valem para os fracos.

2. O Alvo Real: As Rotas da China e o Projeto Multipolar do BRICS
Por que o Irã é tão atacado? A resposta está no mapa. O país é um elo crítico no projeto de integração eurasiana liderado pela China, que ameaça o domínio do dólar e a hegemonia militar ocidental. Em 2025, o primeiro trem de carga direto China-Irã chegou a Teerã, cortando pela metade o tempo de transporte em relação às rotas marítimas. Essa rota faz parte do Corredor Econômico China-Paquistão-Irã (CPEC), um braço da Nova Rota da Seda que conecta Pequim aos mercados europeus e africanos, contornando o controle naval dos EUA.
A investida contra o Irã não é isolada. É parte de uma guerra contra a multipolaridade. O BRICS, que em 2023 expandiu-se com o ingresso de Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Irã, representa hoje 25% do PIB global e 40% da população mundial. Se esse bloco consolidar uma moeda comum, um sistema de pagamentos alternativo ao SWIFT ou uma aliança energética (Rússia + Irã + Venezuela), o poder de chantagem do Ocidente entra em colapso.
Daí a urgência em sufocar o Irã: sem ele, o corredor China-Oriente Médio se rompe, a Rússia perde um aliado-chave no fornecimento de drones e mísseis, e a Venezuela fica ainda mais isolada. É uma jogada para estrangular o BRICS antes que ele se torne irreversível.
3. O Silêncio do Brasil É Cumplicidade: A Neutralidade que Enfraquece o Bloco
Enquanto isso, onde está o Brasil? A tradição diplomática brasileira sempre prezou pela "neutralidade", mas hoje essa postura é sinônimo de omissão. O governo Lula tem feito discursos em defesa da multipolaridade, mas não tomou nenhuma medida concreta para:
Apoiar juridicamente o Irã nos fóruns internacionais (como a África do Sul fez contra Israel na Corte de Haia).
Acelerar a integração financeira do BRICS, como a implementação do Conto em Moedas Locais para fugir do dólar.
Denunciar os ataques ilegais dos EUA e Israel, que violam a soberania de Estados membros do bloco (Irã, Síria).
A neutralidade custa caro. Se o Brasil não se posicionar agora, será o próximo na lista. Já estamos vendo os sinais: pressão para alinhamento com a OTAN, criminalização de parcerias com China e Rússia (como o caso dos fertilizantes), e a tentativa de desindustrializar o país através de acordos comerciais assimétricos (como o tratado UE-Mercosul).
4. A Vitória do Irã É a Prova: Só a Resistência Ativa Derrota o Imperialismo
Apesar de toda a campanha midiática, o Irã saiu fortalecido. Não cedeu às ameaças, manteve sua soberania e ainda expor o blefe militar ocidental: os EUA não iniciarão uma guerra aberta, porque sabem que seria um desastre. A vitória iraniana prova que a única linguagem que o imperialismo entende é a da firmeza.
Mas essa batalha é apenas o começo. A guerra agora é de narrativas, e o Brasil está perdendo. Enquanto a grande mídia repete o roteiro do "Eixo do Mal", a esquerda precisa ocupar o debate com dados e ação:
Criar observatórios para monitorar violações do direito internacional contra o BRICS.
Exigir que o Brasil convoque uma reunião de emergência do bloco para coordenar uma resposta unificada.
Vincular a luta anti-imperialista às pautas internas: sem soberania externa, não haverá indústria nacional, reforma agrária ou justiça social.
O BRASIL NA ENCRUZILHADA
O silêncio geopolítico do Brasil não é neutralidade, é rendição. Se não agirmos agora, o BRICS será esfacelado, e nosso país, reduzido a um exportador de commodities sob jugo neocolonial. A hora é de ruptura: com a diplomacia do "equidistante", com o medo de confrontar os EUA, e com a ilusão de que o imperialismo aceitará a multipolaridade sem luta.
Ou mudamos de tática, ou seremos peças sacrificadas no tabuleiro geopolítico.


























































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