Moçambique: Mais de 11 mil famílias refugiaram-se em Chiúre em uma semana
- www.jornalclandestino.org

- 4 de ago.
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Entre 24 e 30 de julho, o distrito de Chiúre, na província moçambicana de Cabo Delgado, registrou um aumento expressivo no número de famílias deslocadas, segundo relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O documento aponta que a população tem sido forçada a abandonar suas casas devido à intensificação da insegurança provocada por grupos armados não estatais, com destaque para ataques no posto administrativo de Chiúre Velho.
As incursões recentes provocaram a fuga de milhares de pessoas para pelo menos 11 localidades, entre elas Chiúre Velho Sede, Miconi e Magaia. Até o fim de julho, 11.597 famílias — totalizando 49.093 pessoas — foram registradas como recém-chegadas a Chiúre Sede. Crianças representam 57% desse contingente.
Parte dessas famílias encontra abrigo temporário em centros de trânsito: 6.220 agregados (25.953 pessoas) estão em Miconi; 5.374 agregados (23.127 pessoas) em Namissir; e três famílias (13 pessoas) no bairro 30 de Junho. Entretanto, a OIM alerta que muitas ainda dormem ao relento, sob árvores, ou em casas de comunidades anfitriãs, sobrecarregando recursos já escassos.

As avaliações conduzidas pelo Serviço Distrital de Planeamento e Infraestruturas, em parceria com a OIM, identificaram necessidades urgentes como alimentos, água potável, itens de higiene, kits de dignidade e abrigos de emergência. Entre sexta-feira e domingo, foram distribuídos kits de higiene, dignidade e alimentos para famílias recém-chegadas nos centros de trânsito de Miconi e Namissir.
O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, reconheceu o agravamento das ações insurgentes nos últimos três meses, especialmente no sul da província, onde ataques recentes forçaram milhares a buscar refúgio em Chiúre e no vizinho estado de Nampula.
Um dos episódios mais graves ocorreu em 24 de julho, quando combatentes ligados ao autoproclamado Estado Islâmico atacaram a aldeia e o posto policial de Chiúre Velho, usando armas automáticas e levando equipamentos. As autoridades moçambicanas estimam que cerca de 12 mil pessoas tenham sido deslocadas desde então, enquanto agências humanitárias calculam que mais de 34 mil fugiram entre 20 e 25 de julho devido a ataques nos distritos de Chiúre, Ancuabe e Muidumbe.
De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), pelo menos 349 pessoas morreram em 2024 vítimas da violência armada no norte de Moçambique — um aumento de 36% em relação ao ano anterior.


























































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