Caos humanitário em Gaza: ONU alerta para nova ‘fase da morte’ em meio à fome e bombardeios
- www.jornalclandestino.org

- 21 de jul.
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Após mais um fim de semana sangrento, a crise humanitária na Faixa de Gaza se agravou dramaticamente. Pelo menos 67 palestinos foram mortos enquanto tentavam acessar alimentos. Equipes da ONU relataram, nesta segunda-feira (21), um cenário de “caos total”, fome extrema e avanço militar israelense inédito em direção à cidade de Deir Al-Balah, no centro do território sitiado.

Em um comunicado, a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) relatou testemunhos de seus próprios funcionários presos no território. “Estamos vivendo a fase da morte”, disse um deles. “As crianças estão morrendo diante dos nossos olhos por desnutrição e desidratação. Não há nada que possamos fazer.”
Profissionais de saúde, mesmo diante de escassez absoluta de recursos, continuam trabalhando nos centros médicos da agência. “Eles assistem crianças desaparecerem lentamente. Isso é indescritível”, reforçou o comunicado.
Ataques a civis que buscavam ajuda
No domingo (20), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) confirmou que um comboio com 25 caminhões humanitários foi atacado por franco-atiradores e tanques israelenses após cruzar o posto de Zikim, no norte da Faixa. O comboio se dirigia a comunidades em situação crítica de fome. Centenas de civis se reuniram para tentar obter comida quando os disparos começaram. “As pessoas estavam apenas tentando se alimentar”, denunciou a agência, lamentando o descumprimento de garantias oferecidas por autoridades israelenses de que comboios não seriam atacados.
No dia anterior, 36 pessoas já haviam sido mortas nas proximidades de um centro de distribuição humanitária administrado por grupos israelenses e americanos no sul de Gaza.
Novas ordens de deslocamento e fragmentação do território
Deir Al-Balah, uma das últimas áreas relativamente estáveis, recebeu uma nova ordem de evacuação emitida pelas Forças Armadas de Israel, afetando entre 50 mil e 80 mil pessoas. Segundo o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), essa ordem atravessa a cidade até o Mar Mediterrâneo, fragmentando ainda mais o território e comprometendo a logística humanitária. A ONU alertou que o deslocamento de pessoal e insumos vitais poderá ser drasticamente afetado.
Mesmo com as coordenadas de dezenas de instalações humanitárias fornecidas às partes em conflito, tanques israelenses avançam sobre áreas residenciais ao sul e leste de Deir Al-Balah. Segundo fontes locais, há suspeitas de que reféns capturados por militantes do Hamas em 7 de outubro de 2023 possam estar retidos nessa região.
Com 88% do território sob ordens de evacuação ou transformado em zonas militares, cerca de 2,1 milhões de palestinos estão espremidos em porções mínimas de terra, onde não há abrigo, alimentos ou acesso à água. “Não há para onde correr, não há como escapar”, declarou Louise Wateridge, oficial da UNRWA.
A ONU reforça que, sem garantias mínimas de segurança e acesso, o fornecimento de ajuda essencial corre risco de paralisação total, enquanto civis enfrentam a morte lenta e inevitável.


























































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