top of page

O império de Uribe desaba: justiça colombiana condena ex-presidente por manipulação e suborno

A Justiça da Colômbia escreveu um capítulo inédito em sua história política nesta segunda-feira (28). A juíza Sandra Liliana Heredia, da 44ª Vara Criminal de Bogotá, declarou o ex-presidente Álvaro Uribe Vélez culpado pelos crimes de suborno de testemunhas e fraude processual, em um veredicto que pode alterar o equilíbrio de poder no país às vésperas das eleições de 2026.


Álvaro Uribe Vélez
Álvaro Uribe Vélez

Após 13 anos de um processo repleto de reviravoltas, escutas telefônicas, disputas judiciais e tentativas de manobras políticas, a sentença foi proferida com forte simbolismo. “A justiça chegou. A lei não deve temer o barulho, nem se ajoelhar ao poder”, afirmou a magistrada logo no início da audiência. Heredia enfatizou que a decisão foi baseada na verdade jurídica e não em cargos ou prestígios políticos.


A magistrada rejeitou os principais argumentos da defesa de Uribe. Confirmou a legalidade das interceptações telefônicas feitas em 2018 pelo Supremo Tribunal, esclarecendo que, embora tenham sido obtidas por engano durante investigações contra outro político, os responsáveis agiram com boa fé e interromperam as escutas ao perceberem o erro.


Outro ponto decisivo foi a tentativa de Uribe de abandonar seu cargo de senador em 2020, uma manobra que, segundo a juíza, visava mudar a jurisdição do caso para obter vantagens judiciais — estratégia que ela classificou como “instrumentalização do sistema judicial”.


Vários testemunhos apresentados pela defesa foram desconsiderados por apresentarem inconsistências, incluindo os de Enrique Pardo Hasche e de um ex-advogado do ex-paramilitar Juan Guillermo Monsalve. Para Heredia, essas versões careciam de provas sólidas.


Enquanto a sentença era lida, manifestações tomavam as ruas de Bogotá e Medellín. Em frente a um mural com a frase “Las cuchas tenían razón” — homenagem às mães que denunciam desaparecimentos forçados durante o governo de Uribe —, ativistas aguardavam o desfecho com expectativa.


O caso, que começou como uma disputa entre Uribe e o senador Iván Cepeda, tornou-se um símbolo do embate entre justiça e poder político na Colômbia. A Defensoria do Povo emitiu nota reforçando a necessidade de respeitar a decisão judicial e a independência da magistrada. O sindicato dos juízes pediu proteção à juíza diante das ameaças recebidas nos últimos dias.


Embora a sentença seja histórica, o processo ainda não chegou ao fim. A defesa poderá recorrer ao Tribunal Superior de Bogotá e, posteriormente, à Corte Suprema ou até instâncias internacionais.

LEIA ON-LINE GRATUITAMENTE OU ADQUIRA UMA DAS VERSÕES DA EDITORA CLANDESTINO.

Todos os arquivos estão disponíveis gratuitamente, porém, ao adquirir um de nossos arquivos, você contribui para a expansão de nosso trabalho clandestino.

em tempos de

guerra, APOIE a

contra-informação 

Fortaleça um jornalismo que não bate continência para a bandeira dos EUA

Aqui o apoio é livre, sem boletos mensais. Você contribui quando quiser, com o quanto puder — e como forma de agradecimento, enviamos um brinde CLANDESTINO digital no seu e-mail.

bottom of page