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Onda de sequestros de mulheres e meninas alauítas na Síria

A Anistia Internacional denunciou na quinta-feira (31), uma onda alarmante de sequestros de mulheres e meninas da comunidade alauíta na Síria e cobrou do governo uma resposta urgente para localizar as vítimas, investigar os crimes e responsabilizar os autores. Desde fevereiro de 2025, pelo menos 36 mulheres e meninas alauítas, com idades entre 3 e 40 anos, foram sequestradas nas províncias de Latakia, Tartous, Homs e Hama, segundo informações verificadas pela organização. Oito casos foram documentados com detalhes, incluindo o desaparecimento em plena luz do dia de cinco mulheres e três meninas menores de 18 anos. Apenas duas vítimas conseguiram retornar às famílias.


A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, criticou a inação das autoridades sírias:


"As autoridades prometeram construir uma Síria para todos os sírios, mas falharam em impedir os sequestros e os abusos, incluindo violência física, casamentos forçados e possível tráfico de pessoas. A comunidade alauíta, já marcada por massacres anteriores, agora vive em pânico, e mulheres têm medo de sair de casa", afirmou Callamard.

PESSOAS SE REÚNEM PARA UMA MANIFESTAÇÃO EM MASSA EM QAMISHLI, NA SÍRIA, EM 11 DE MARÇO, PARA PROTESTAR CONTRA UMA RECENTE ONDA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MINORIA ALAUITA DA SÍRIA.DELIL SOULEIMAN I AFP - ARQUIVO GETTY I
PESSOAS SE REÚNEM PARA UMA MANIFESTAÇÃO EM MASSA EM QAMISHLI, NA SÍRIA, EM 11 DE MARÇO, PARA PROTESTAR CONTRA UMA RECENTE ONDA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MINORIA ALAUITA DA SÍRIA.DELIL SOULEIMAN I AFP - ARQUIVO GETTY I


A investigação da Anistia revelou que famílias receberam ligações e mensagens de sequestradores exigindo resgates entre US$ 10 mil e US$ 14 mil. Em um caso, mesmo após o pagamento, a vítima não foi libertada. Há indícios de que pelo menos três vítimas, incluindo uma menor de idade, foram submetidas a casamentos forçados. Em outro caso, uma adolescente foi espancada e teve o cabelo raspado por se recusar a se casar com o sequestrador.


Apesar das denúncias, em quase todos os casos as autoridades sírias falharam em investigar de forma eficaz. Famílias relataram negligência, desdém e até culpabilização por parte da polícia e da Segurança Geral. Algumas receberam ordens para permanecer em silêncio após a libertação de suas parentes, temendo represálias dos sequestradores, que continuam impunes.


Em junho, a Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria confirmou ao menos seis sequestros de mulheres alauítas por “indivíduos não identificados” e reconheceu relatos confiáveis de novos casos. Já em maio, a Anistia Internacional levou o caso ao ministro do Interior em Damasco, que prometeu investigações. Até o momento, porém, não houve prisões nem processos relacionados aos crimes.


Agnès Callamard reforçou que o governo sírio tem uma obrigação legal e moral de agir:


"Todas as mulheres na Síria merecem viver livres do medo de abuso, discriminação e perseguição. As autoridades devem conduzir investigações rápidas, imparciais e eficazes, e garantir reparação às vítimas. A omissão diante dessa crise é uma grave violação de direitos humanos."

Os sequestros e os relatos de casamentos forçados se somam ao histórico de violência de gênero no país em guerra há mais de uma década, expondo a vulnerabilidade das mulheres em meio ao colapso da segurança e da proteção estatal.

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