António Guterres adverte sobre risco de retorno à guerra civil no Sudão do Sul
- Clandestino
- 1 de abr.
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um alerta dramático nesta quinta-feira sobre a situação no Sudão do Sul, país que enfrenta uma convergência sem precedentes de crises humanitárias, políticas e de segurança. "Todas as nuvens escuras de uma tempestade perfeita desceram sobre o povo do país mais novo do mundo", declarou Guterres em entrevista coletiva na sede das Nações Unidas.
A crise se agravou após a prisão na quarta-feira do vice-presidente Riek Machar, principal líder da oposição, em meio a relatos de confrontos militares e ataques contra civis. A Comissão de Direitos Humanos da ONU no país alertou que esses eventos representam uma grave ameaça ao acordo de paz de 2018, que encerrou uma guerra civil iniciada em 2013 e responsável por mais de 400 mil mortes.
Guterres comparou o atual cenário aos períodos mais sombrios do conflito: "O que estamos vendo é uma reminiscência sombria das guerras civis de 2013 e 2016".
Emergência humanitária sem precedentes
O Sudão do Sul enfrenta múltiplas crises simultâneas:
Insegurança alimentar atinge metade da população
75% dos sul-sudaneses necessitam de assistência humanitária
Surto de cólera em meio ao colapso dos sistemas de saúde
Mais de 1 milhão de deslocados pelo conflito no vizinho Sudão
"O Sudão do Sul pode ter saído do radar do mundo, mas não podemos deixar a situação cair no abismo", afirmou Guterres, destacando o grave déficit de financiamento para operações humanitárias.

Apelo urgente à ação
O secretário-geral fez um apelo direto aos líderes sul-sudaneses:
Deponham as armas imediatamente
Restabeleçam o Governo de Unidade Nacional
Implementem integralmente o acordo de paz
Guterres também pediu à comunidade internacional que una esforços, apoiando especificamente a iniciativa do Painel dos Sábios da União Africana. O líder da ONU lembrou com emoção suas experiências anteriores no país como Alto Comissário para Refugiados: "Eles tinham enormes esperanças e aspirações. Mas, infelizmente, não a liderança que merecem".