Advogado alerta sobre a grave deterioração da saúde do Dr. Hussam Abu Safiya
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O advogado Qaid Qasem denunciou nesta terça-feira (2) a grave deterioração da saúde do Dr. Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan em Gaza, e de seu sobrinho, ambos detidos na prisão israelense de Ofer, na Cisjordânia ocupada. Segundo Qasem, os detidos enfrentam condições severas, com apenas 30 minutos de exposição à luz solar por mês, banhos restritos a dois minutos e roupas não trocadas por longos períodos, fatores que agravam problemas de saúde como sarna, furúnculos e perda de peso significativa.

O Dr. Abu Safiya, pediatra e neonatologista de 51 anos, foi preso em 27 de dezembro de 2024 durante uma operação no hospital que dirigia, a última instalação médica operacional no norte de Gaza. Israel afirmou que a detenção ocorreu para interrogatório sobre supostas ligações com o Movimento de Resistência Islâmica Palestina (Hamas). Mesmo possuindo passaporte cazaque e ordens de evacuação, o médico optou por permanecer em Gaza, atendendo pacientes mesmo após a morte de seu filho de 15 anos em ataque israelense.
O caso evidencia preocupações mais amplas sobre direitos humanos e a política de detenção administrativa de Israel, que permite prisão indefinida sem acusações formais, com base em evidências secretas. Organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional e Front Line Defenders, têm solicitado intervenção internacional e atendimento médico imediato.
A prisão de Ofer é frequentemente criticada por superlotação e condições insalubres. Relatórios da Comissão Palestina para Assuntos de Detentos e Ex-Detentos apontam negligência sistemática, violência, espancamentos e confinamento solitário. O Dr. Abu Safiya tornou-se símbolo de resiliência: durante o conflito iniciado em outubro de 2023, mais de mil profissionais de saúde foram mortos e centenas detidos, segundo ONU e OMS.
Atualmente, Israel mantém mais de 8 mil detidos sob alegações de segurança, incluindo 3.562 em detenção administrativa, muitos oriundos de Gaza. De acordo com o Healthcare Workers Watch, ao menos 384 profissionais de saúde palestinos foram detidos ilegalmente desde o início da guerra, com 185 ainda encarcerados e 24 desaparecidos. Desde outubro de 2023, o Ministério da Saúde palestino contabiliza 63.557 mortos e 160.660 feridos no conflito.
O Dr. Abu Safiya declarou publicamente que continuará a atender pacientes, mesmo sob detenção, reafirmando seu compromisso com a saúde da população e o atendimento humanitário em Gaza.