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Tráfico de pessoas cresce no Peru sob governo Boluarte: mais de 1.400 vítimas registradas

Desde que Dina Boluarte assumiu a presidência do Peru, o país vive uma escalada preocupante no número de vítimas de tráfico de pessoas. Dados do Observatório Nacional de Segurança Cidadã, vinculado ao Ministério do Interior, revelam que, entre dezembro de 2022 e julho de 2025, foram identificadas 1.465 vítimas — o equivalente a quase um terço de todos os casos notificados entre 2017 e 2025.


FOTO DE ARQUIVO
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A crise, porém, pode ser ainda mais grave. Só em 2023, o Ministério Público recebeu 2.783 denúncias de tráfico humano, evidenciando uma disparidade alarmante entre os registros oficiais e as ocorrências reais. A falta de articulação entre órgãos públicos e a fragilidade na produção de dados confiáveis tornam ineficaz a formulação de políticas de enfrentamento, segundo alerta Ricardo Valdés, ex-vice-ministro do Interior e diretor da organização CHS Alternativo.


Apesar de promessas de uma “guerra frontal contra o tráfico” feitas por Boluarte em seu discurso do Dia da Independência em 2024, a realidade é marcada por inação. O último relatório da CHS Alternativo aponta que, após a crise política de 2022 — com protestos massivos, repressão policial, 50 mortos e mais de 800 feridos — o governo abandonou as estratégias de prevenção e atendimento às vítimas de tráfico.


Desde então, foram decretados 77 estados de emergência, centrados em medidas de controle da ordem interna. Essa postura tem deixado populações vulneráveis, como mulheres jovens e migrantes, ainda mais expostas. O medo e a desconfiança na Polícia Nacional, frequentemente acusada de abusos, dificultam as denúncias e investigações.


Somente em 2025, até o momento, foram registradas 213 novas denúncias. A grande maioria das vítimas — 87,7% — são mulheres entre 18 e 29 anos, com ensino médio completo. As formas predominantes de exploração são sexual e laboral. A estrutura informal da economia peruana — marcada por transportes precários, hotéis clandestinos e atividades sem regulamentação — facilita a atuação das redes criminosas, que operam com baixa probabilidade de punição.


Além disso, o tráfico de pessoas está intimamente ligado a outras economias ilícitas, como mineração ilegal, tráfico de drogas e extração clandestina de madeira. Organizações criminosas como Tren de Aragua, Los Hijos de Dios e Los Pulpos atuam com impunidade em diversas regiões do país.


O orçamento destinado ao combate ao tráfico reflete o descaso estatal: em 2023, apenas 0,003% do orçamento nacional foi alocado para essa finalidade — o equivalente a menos de 20 centavos por habitante. “O valor é simbólico. Este é um Estado que não previne, não protege e mal reage”, critica Valdés.


A situação se agravou com recentes mudanças legislativas. A Lei nº 32108 retirou o tráfico de pessoas da lista de crimes considerados de organização criminosa, enfraquecendo a possibilidade de ações coordenadas. Já o Projeto de Lei nº 5712/2023, do congressista Alejandro Muñante, eliminou a obrigação do Executivo de prestar contas ao Congresso sobre a política nacional de enfrentamento ao tráfico.


“Gostaria de ver a presidente reconhecer o crescimento das economias ilícitas — incluindo o tráfico de pessoas, vinculado à mineração ilegal e outras atividades criminosas — mas não tenho expectativas”, conclui Valdés.

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