Tragédia em mina sul-africana mais de 100 garimpeiros ilegais podem estar mortos em Stilfontein; Operação de resgate já recuperou 60 corpos
- Clandestino
- 15 de jan.
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Autoridades sul-africanas enfrentam uma das maiores tragédias relacionadas à mineração ilegal no país, com mais de 100 garimpeiros ilegais possivelmente mortos na mina de ouro da cidade de Stilfontein, no nordeste da África do Sul. Desde segunda-feira, equipes de resgate já trouxeram à superfície 60 corpos, enquanto 106 garimpeiros foram resgatados com vida, mas presos por mineração ilegal, segundo informou a polícia.
A operação segue em meio à tensão crescente, já que muitos dos garimpeiros, conhecidos como zama zamas — termo zulu que significa “arriscar” —, são trabalhadores de países vizinhos. De acordo com a porta-voz da polícia, brigadeiro Athlenda Mathe, a maioria desses trabalhadores teme emergir devido à possibilidade de prisão e deportação. Entre os detidos estão 67 moçambicanos, 26 cidadãos do Lesoto, 11 zimbabuanos e 2 sul-africanos.
Segundo as Comunidades Afetadas pela Mineração Unidas em Ação (MACUA), vídeos recuperados de celulares mostram dezenas de corpos embalados em plástico no subsolo da mina. Sabelo Mnguni, porta-voz da organização, afirmou que os garimpeiros teriam morrido de fome ou desidratação após a polícia bloquear a entrada de suprimentos como forma de pressioná-los a sair.
O ministro da Polícia, Senzo Mcunu, visitou o local na última terça-feira, mas evitou estimar o número de trabalhadores ainda presos. “Cada número que fornecemos é apenas uma suposição. Não há como afirmar com certeza quantos ainda estão lá embaixo”, disse Mcunu.
Exploração e violência
Minas abandonadas na África do Sul são frequentemente dominadas por redes criminosas, segundo a Sputnik África. Cerca de 30 mil zama zamas atuam em mais de 6 mil minas desativadas, contribuindo com 10% da produção de ouro do país.
A tragédia em Stilfontein ocorre após uma decisão judicial recente que determinou a remoção de garimpeiros ilegais do local. A operação de resgate, que utiliza uma gaiola acionada por guindaste, também recuperou 26 mineiros vivos na mina de Buffelsfontein, localizada a cerca de 160 km de Joanesburgo.
Organizações de direitos humanos e comunidades afetadas pela mineração pedem maior fiscalização nas minas abandonadas e o fim da exploração de trabalhadores estrangeiros em condições degradantes, ressaltando o alto custo humano da mineração ilegal na África do Sul.