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Será o amanhã uma promessa ou uma sentença?

  • Foto do escritor: Siqka
    Siqka
  • 23 de jun.
  • 2 min de leitura

Acordamos. E, por vezes, ainda antes de levantar da cama, já tateamos debaixo do travesseiro em busca do celular, ansiosos por descobrir quais novas atrocidades foram cometidas enquanto dormíamos. Em silêncio, imploramos para que o mundo tenha mudado — para melhor. Mas ele mudou, sim, só que quase nunca na direção que perseguimos no dia anterior. A cada novo dia, tudo parece ruir, e não lentamente: é como um colapso em curso, acelerado.


Saltamos da cama como parece ter cochilado em um front de batalha, prontos para mais uma luta contra um inimigo poderoso. Ainda assim, tudo o que vemos, o que sentimos, o que acompanhamos de longe nas dores alheias, nos dá a sensação de estar tentando erguer um castelo de cartas no olho de um furacão. A luta parece inútil. A vitória, inexistente. Às vezes, tenho a impressão de que estamos vivendo o último fôlego antes de despencar em um abismo profundo e silencioso.


Então, por quê?

Por que acordar mais um dia e repetir tudo outra vez?

Por que o amor às causas perdidas?

Por que continuar acreditando em uma humanidade que flerta com sua própria destruição?

Por que não simplesmente viver nossa vida enquanto ainda temos essa escolha?


Sinceramente, eu não tenho uma resposta definitiva. Mas há pouco tempo alguém me fez uma pergunta que, desde então, não sai da minha cabeça. Um amigo me perguntou se eu realmente acreditava no dia depois de amanhã que tanto busco.


Eu respondi que não. Que já não era mais aquele jovem idealista do início da minha estrada. Talvez frustrado, talvez querendo ouvir de mim algo bonito, algo inspirador que reacendesse nele o sentido da luta, ele insistiu, num suspiro ferido:

— Então por que continua lutando, se não acredita?


Foi a primeira vez que parei para pensar nisso. Para mim, a rebeldia, a resistência, a insubordinação, a subversividade, sempre foram tão instintivas, tão naturais, que eu nunca me perguntei o porquê. Respondi, então, que talvez essa fosse a minha natureza. Talvez eu lute porque não sei ser de outro jeito, talvez esse seja, apenas eu. Porque caminhar em direção a um horizonte incerto ainda parece mais digno do que permanecer parado em lugar nenhum.


Continuar caminhando em busca que um horizonte que não se sabe existir, é melhor que ficar parado, pelo menos caminhando, me sinto mais perto do amanhã impossível, do quer parado num ponto em lugar nenhum.


Irã, jun de 2025. ©Mohammad Hamdam
Irã, jun de 2025. ©Mohammad Hamdam



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