Anistia Internacional defende que cessar-fogo entre Israel e Gaza seja início do fim da ocupação e do apartheid
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- 9 de out.
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A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, afirmou nesta quarta-feira (8) que o recente acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas deve representar mais do que uma pausa temporária nas hostilidades. Segundo ela, o compromisso precisa marcar o início de um processo para pôr fim à ocupação israelense dos Territórios Palestinos, ao sistema de apartheid e ao que classificou como genocídio em Gaza.
O acordo preliminar, anunciado por mediadores regionais, prevê a abertura de cinco passagens humanitárias para entrada imediata de suprimentos na Faixa de Gaza, a libertação de prisioneiros israelenses e estrangeiros mantidos pelo Hamas, a troca por prisioneiros palestinos e uma retirada parcial das forças israelenses da região. O entendimento representa o primeiro avanço significativo após dois anos de intensos confrontos e bloqueios.
Em comunicado, Callamard destacou que a população de Gaza vive uma crise humanitária sem precedentes, marcada por bombardeios, escassez de alimentos e colapso de infraestrutura básica. Para a dirigente, uma trégua parcial não é suficiente:
“É necessária uma cessação total das hostilidades e o levantamento completo do bloqueio imposto por Israel, permitindo o fluxo irrestrito de alimentos, remédios e combustível”, afirmou.

A Anistia Internacional defendeu que o cessar-fogo seja acompanhado de medidas concretas, incluindo a retirada total das forças israelenses, a reconstrução de infraestrutura essencial e o retorno seguro dos palestinos deslocados internamente. A organização também exigiu que todos os prisioneiros sejam libertados e que Israel libere os detidos arbitrariamente, especialmente profissionais de saúde e prisioneiros administrativos.
Callamard criticou o que chamou de “padrões duplos” e “vetos paralisantes” no Conselho de Segurança da ONU, apontando que a falta de ação internacional permitiu que violações de direitos humanos persistissem. Ela reforçou que a paz duradoura só será possível com respeito pleno ao direito internacional e responsabilização por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
A secretária-geral também criticou o chamado “plano de paz de Trump”, alegando que ele não aborda as causas estruturais do conflito nem assegura justiça às vítimas. Segundo Callamard, propostas que mantenham zonas de segurança ou terceirizem a administração de Gaza sem garantir a liberdade de movimento apenas aprofundam a fragmentação territorial e reforçam o sistema de apartheid israelense.
A Anistia Internacional defende que os palestinos tenham participação plena nas decisões sobre o futuro dos Territórios Palestinos Ocupados, incluindo Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Para a entidade, ignorar os direitos humanos e as causas profundas da injustiça tornará qualquer tentativa de paz insustentável.
O cessar-fogo, embora celebrado como um avanço, ainda gera ceticismo quanto à sua durabilidade e aos compromissos de ambas as partes. Especialistas alertam que o sucesso do acordo dependerá da implementação efetiva das medidas humanitárias e do engajamento internacional para garantir uma solução justa e permanente para o conflito.



































































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