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O mundo dá voltas — e olha quem está de olho no PIX do trabalhador brasileiro

O sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, o PIX, que se tornou símbolo de modernização financeira e inclusão social, está agora no centro de uma investigação comercial movida pelos Estados Unidos — mais precisamente, a pedido do presidente americano Donald Trump, que tenta convencer o mundo de que o sucesso alheio configura uma prática desleal.


A denúncia foi registrada pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), que, em sua retórica ambígua, evita citar o PIX nominalmente, mas ataca "serviços digitais de pagamento desenvolvidos por governos" — e nesse quesito, não há dúvida de quem é o alvo.


Segundo o USTR, o Brasil estaria "favorecendo seu próprio sistema de pagamentos", o que poderia prejudicar empresas estadunidenses no setor. Em bom português: o PIX é eficiente demais, popular demais e gratuito demais para o gosto dos que lucram com as taxas bancárias.


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Na prática, o incômodo de Washington parece menos técnico e mais ideológico. Enquanto o PIX eliminou barreiras para milhões de brasileiros, facilitando o acesso à economia digital mesmo nos cantos mais remotos do país, o modelo defendido por Trump é aquele em que pagar e transferir dinheiro continuam sendo privilégios taxados — e bem pagos — às grandes corporações.


O PIX nasceu no meio da pandemia, durante uma crise global, e virou solução viável para pequenos comerciantes, ambulantes, trabalhadores informais e comunidades sem banco. Já o governo estadunidense — sob Trump — opta agora por tentar barrar a ferramenta por meio de mecanismos de pressão internacional.


O desconforto com o sucesso brasileiro também ficou claro quando o WhatsApp, controlado pela gigante Meta, suspendeu sua função de pagamentos com cartão de débito no Brasil, alegando que os usuários simplesmente preferem usar o PIX.


Enquanto isso, o PIX bate recordes

Mesmo com a pressão externa, o sistema não dá sinais de desaceleração. Só em 2024, o PIX movimentou R$ 26,46 trilhões, com mais de 63 bilhões de transações — um salto de 54,6% em relação ao ano anterior. A ferramenta já é utilizada por praticamente toda a população adulta e segue se expandindo por aproximação, PIX recorrente, PIX automático e, em breve, PIX internacional.


O Banco Central também já trabalha no chamado "PIX Garantido", que permitirá parcelar compras sem depender do cartão de crédito — o que pode representar mais um abalo na estrutura bancária tradicional, dentro e fora do Brasil.


Brasil responde: inovação não é crime

Diante da ofensiva de Trump, o governo brasileiro respondeu com uma carta reafirmando abertura ao diálogo, mas deixou claro que não abrirá mão de sua soberania tecnológica nem de seu modelo de inclusão financeira. O tom é firme: não há nada de desleal em desenvolver uma ferramenta pública, gratuita e eficiente — a deslealdade talvez esteja em tentar barrá-la com ameaças comerciais.


Se a intenção de Trump era frear o avanço do PIX, o efeito parece estar sendo o contrário: nunca se falou tanto sobre ele. E ao que tudo indica, essa briga ideológica e comercial está só começando — mas o Brasil, dessa vez, está do lado certo da história.

 
 
 

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