Noruega amplia desinvestimento em empresas israelenses em meio ao genocídio em Gaza

O Fundo de Pensão do Governo da Noruega, considerado o maior fundo soberano do mundo, anunciou a ampliação do desinvestimento em empresas israelenses. A decisão, que envolve ativos estimados em US$ 1,9 bilhão, foi tomada de forma gradual e reflete tanto a postura crítica de Oslo diante da guerra em Gaza quanto sua crescente aproximação política com a causa palestina.

Nos últimos anos, a Noruega tem se posicionado entre os países europeus que questionam a atuação de Israel. Em maio de 2024, o governo norueguês reconheceu oficialmente o Estado da Palestina e, ao lado de Espanha, Irlanda e Eslovênia, passou a apoiar iniciativas no Tribunal Internacional de Justiça relacionadas às denúncias de crimes de guerra e violações de direitos humanos em Gaza.

A economia israelense enfrenta dificuldades desde antes da guerra. Instabilidades políticas internas, agravadas pela tentativa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de alterar o sistema judicial, já haviam reduzido a confiança de investidores. Com o conflito iniciado em outubro de 2023, a situação se deteriorou ainda mais. O Ministério das Finanças de Israel reportou queda de 28% nos investimentos estrangeiros diretos no primeiro semestre de 2024 em comparação ao ano anterior.

Dados do Banco de Israel e do Ministério das Finanças estimam que os custos da "guerra" em Gaza ultrapassaram US$ 67,5 bilhões até o final de 2024. Em paralelo, o Escritório Central de Estatísticas informou que a economia encolheu 3,5% entre abril e junho de 2025.

Apesar do cenário negativo, o apoio financeiro dos Estados Unidos tem atenuado os impactos. Além da ajuda militar anual de US$ 3,8 bilhões, em abril de 2024 Washington aprovou um pacote emergencial de US$ 26,4 bilhões, direcionado principalmente à "defesa". Parte desses recursos, contudo, acaba sendo injetada em outros setores, contribuindo para sustentar a economia israelense.

O movimento norueguês, somado a ações semelhantes de outros países e fundos internacionais, reforça o processo de isolamento financeiro de Israel. Analistas avaliam que, mesmo com o apoio dos EUA, os efeitos de longo prazo da guerra e do desinvestimento tendem a prolongar a fragilidade econômica do país.