O mundo enfrenta uma das secas mais graves da história, com impactos devastadores para todo o mundo
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- 21 de jul.
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O mundo enfrenta uma das secas mais graves da história recente, com impactos devastadores em diversos continentes. É o que aponta um novo relatório divulgado pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), em parceria com o Centro Nacional de Mitigação da Seca dos Estados Unidos (NDMC) e a Aliança Internacional para Resiliência à Seca.
Segundo o estudo, entre 2023 e 2025, secas severas e prolongadas agravadas pelas mudanças climáticas e pelo uso excessivo dos recursos naturais têm provocado efeitos catastróficos na segurança alimentar, no fornecimento de energia e nos ecossistemas.
“A seca é um assassino silencioso. Ela se instala aos poucos, esgota os recursos e destrói vidas de forma lenta, mas profunda”, afirmou Ibrahim Thiaw, secretário executivo da UNCCD.

África em crise
O relatório destaca que mais de 90 milhões de pessoas enfrentam fome aguda na África Oriental e Austral. Países como Etiópia, Malawi, Zimbábue e Zâmbia enfrentam quebras sucessivas nas colheitas de milho e trigo. No Zimbábue, por exemplo, a produção de milho caiu 70% em relação ao ano anterior, o preço dobrou e cerca de 9 mil cabeças de gado morreram por falta de água e alimento.
Na Somália, mais de 43 mil pessoas morreram em 2022 devido à fome ligada à seca. Em 2025, um quarto da população somali continua em situação de insegurança alimentar severa.
A crise hídrica também afeta o setor energético. A Zâmbia vive uma das piores emergências de sua história: com o nível do rio Zambeze em apenas 20% da média histórica, a usina de Kariba opera com apenas 7% de sua capacidade. A população sofre com apagões que chegam a 21 horas diárias, comprometendo hospitais, panificadoras e indústrias.
Efeitos globais
Fora da África, os efeitos da seca também são sentidos com intensidade. Na Espanha, a estiagem prolongada reduziu em 50% a produção de azeitonas em 2023, o que provocou a duplicação dos preços do azeite. Já na Turquia, a queda do lençol freático gerou surgimento de sumidouros e reduziu a capacidade de armazenamento de água subterrânea.
Na Amazônia, níveis historicamente baixos dos rios, entre 2023 e 2024, provocaram morte em massa de peixes e golfinhos, afetaram o abastecimento de água e dificultaram o transporte fluvial. A região ainda sofre com o avanço do desmatamento e das queimadas, o que pode transformar a floresta de um sumidouro em uma fonte de carbono.
O Canal do Panamá também foi atingido. A queda no nível da água reduziu o tráfego marítimo em mais de um terço, afetando cadeias de abastecimento globais, incluindo exportações de soja dos Estados Unidos e provocando aumentos de preços em supermercados europeus.
Medidas urgentes
O relatório recomenda a implementação de sistemas de alerta precoce, monitoramento contínuo da seca e soluções baseadas na natureza, como a restauração de bacias hidrográficas e o uso de sementes e culturas tradicionais adaptadas ao clima.
Também propõe investimentos em infraestrutura resiliente, fontes alternativas de energia e cooperação internacional, principalmente em regiões com bacias hidrográficas e rotas comerciais compartilhadas.



































































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