Ataque de drone mata dezenas em abrigo de deslocados em el-Fasher, Sudão

Um ataque de drones e bombardeios conduzido pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) matou pelo menos 53 pessoas em el-Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, segundo a Rede de Médicos do Sudão. Entre os mortos estão 14 crianças e 15 mulheres, enquanto outros 21 civis ficaram feridos, incluindo cinco crianças e sete mulheres. A maioria dos feridos apresenta ferimentos graves.

O ataque atingiu o abrigo de deslocados de Dar al-Arqam, vinculado à Universidade Islâmica de Omdurman, e foi descrito pelo Comitê de Resistência El Fasher como um “massacre”. Representantes do grupo pediram intervenção internacional, denunciando que crianças, mulheres e idosos foram mortos a sangue frio e muitos corpos foram queimados.

Darfur, Sudão I arquivo ©AMNESTY INTERNATIONAL

O incidente é o mais recente de uma série de ataques a áreas civis em el-Fasher, onde a guerra civil já deixou dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados internos e externos desde abril de 2023. A cidade é a última grande localidade controlada pelo Exército Sudanês (SAF) na região de Darfur, alvo de ofensivas intensas das RSF desde a retomada da capital Cartum em março deste ano.

O conflito entre as RSF e as SAF começou após divergências entre dois generais que lideravam as forças armadas do Sudão, resultando em combates contínuos pelo controle do país. Organizações humanitárias descrevem a guerra civil sudanesa como a maior emergência humanitária do mundo atualmente, com grave impacto sobre civis e infraestrutura local.

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos registrou pelo menos 53 civis mortos em el-Fasher apenas entre os dias 5 e 8 de outubro, destacando que mulheres e crianças estão entre as principais vítimas dos ataques. A população enfrenta constante risco e deslocamentos forçados, com a situação humanitária agravada por bloqueios de ajuda e hostilidades contínuas.

Analistas internacionais alertam que, sem cessar-fogo efetivo ou negociação política entre RSF e SAF, a violência em Darfur tende a se intensificar, aumentando a crise humanitária e dificultando o acesso de organizações humanitárias a civis em áreas sitiada.