Crise sanitária se agrava no sul de Gaza em meio a bloqueio de ajuda e colapso da saúde pública
- Clandestino
- 23 de abr.
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Sob calor extremo, entre esgoto a céu aberto e lixo acumulado, milhares de famílias deslocadas no sul da Faixa de Gaza enfrentam uma crise sanitária crescente, agravada pelo bloqueio prolongado à ajuda humanitária e pelo colapso do sistema de saúde.

Nos acampamentos improvisados da região costeira de Al Mawasi, os moradores vivem em condições cada vez mais perigosas. “O lixo está fora de controle. Roedores e pragas circulam entre as tendas onde as pessoas buscam abrigo”, alertou Louise Wateridge, oficial sênior de emergência da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em entrevista à ONU News.
Com o aumento das temperaturas, doenças infecciosas se espalham rapidamente. Crianças desnutridas e famílias enfraquecidas pelos meses de conflito enfrentam a escassez de água potável, falta de medicamentos e acesso limitado a cuidados médicos. As campanhas de limpeza realizadas pela UNRWA estão sob risco iminente de interrupção: os estoques de pesticidas devem durar apenas mais dez dias.
A infraestrutura de saneamento e saúde pública foi severamente danificada. Entre os dias 21 e 22 de abril, mais de 30 veículos essenciais para coleta de resíduos, abastecimento de água e manutenção do esgoto foram destruídos por bombardeios israelenses, segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Na semana anterior, pelo menos 23 ataques foram registrados contra tendas de deslocados, matando dezenas de civis — entre eles, mulheres, crianças e pessoas com deficiência.
O sistema de saúde está à beira do colapso. Mais da metade das unidades de saúde em funcionamento estão localizadas em áreas sob ordens de evacuação, dificultando o acesso da população mais vulnerável. Faltam medicamentos, equipamentos e profissionais de saúde qualificados.
Até 15 de abril, cerca de 420 mil pessoas haviam sido deslocadas novamente, muitas delas pela segunda ou terceira vez.
Espaço humanitário se fecha e ajuda permanece bloqueada. A ONU alertou que há 52 dias consecutivos não entra ajuda humanitária significativa na Faixa de Gaza. Entre 15 e 21 de abril, das 42 missões humanitárias planejadas, 20 foram negadas, duas impedidas, 19 permitidas e uma cancelada pelas autoridades israelenses.
Enquanto isso, as agências da ONU enfrentam um grave déficit orçamentário. Até 22 de abril, apenas 14% dos US$ 4,07 bilhões necessários para atender três milhões de pessoas em Gaza e na Cisjordânia haviam sido repassados pelos doadores — um total de US$ 569 milhões.
A ONU reforça o apelo urgente à comunidade internacional para garantir acesso humanitário irrestrito e restaurar condições mínimas de sobrevivência à população palestina.