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Da Promessa ao Genocídio: Últimos 752 Dias do caminho de 108 Anos de Colonialismo

Hoje, 2 de novembro de 2025, não é um dia qualquer no calendário da história Palestina, É uma data que carrega o peso de dois acontecimentos sombrios e entrelaçados. A primeira marca 108 anos da Declaração Balfour de 1917 – uma carta de 67 palavras, emitida por um poder colonial britânico, que prometeu a terra de um povo a outro, sem qualquer consulta ou consentimento. A segunda expõe uma ferida aberta e sangrenta: Dos 108 anos passados desde a carta, os últimos 757 DIAS têm sido de um genocídio metódico e de uma tentativa descarada de limpeza étnica por parte do Estado de Israel, um projeto que revela, de forma crua, que o objetivo final nunca foi a convivência, mas o apagamento.


A Declaração Balfour não foi um ato isolado; foi o assalto colonial fundador. Nela, o Secretário de Relações Exteriores britânico, Arthur Balfour, declarou ver com


“simpatia o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu”. O parágrafo crucial, no entanto, continha uma promessa cínica e oca: que nada seria feito que “prejudicasse os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas existentes na Palestina”.

Lorde Arthur Balfour
Lorde Arthur Balfour

Essas “comunidades não judaicas” – o povo palestino – constituíam mais de 90% da população na época.

Sua existência política, seu direito à autodeterminação, foi reduzida a um incômodo a ser administrado, um detalhe em uma promessa feita sobre sua própria terra.


Durante séculos, a Palestina histórica foi um mosaico de fé e cultura, um território que, de fato, abrigou judeus, cristãos e muçulmanos com uma relativa normalidade, moldada pelas complexidades do Império Otomano. A Palestina acolheu comunidades judaicas que, em muitos períodos, viveram sob a proteção e a convivência com seus vizinhos árabes. Havia conflitos, como em qualquer sociedade, mas havia também um entendimento tácito de pertencimento compartilhado.


O que essa sociedade não poderia imaginar é que um projeto político europeu, o sionismo, instrumentalizaria o sofrimento e a diáspora judaica para criar um estado étnico-religioso exclusivista em sua terra. O sonho vendido ao mundo foi o de um "lar nacional"; a prática, desde o início, seguiu a lógica colonial de povoamento, privação, expropriação e substituição.


A NAKBA DE 1948 NÃO FOI UM ACIDENTE, MAS A CULMINAÇÃO LÓGICA DA DECLARAÇÃO BALFOUR.

Ela foi o momento em que a promessa no papel se transformou em limpeza étnica, na prática, com a expulsão forçada de mais de 750.000 palestinos de suas casas e vilas. O que vivemos hoje, nestes 757 dias, é a Nakba em alta definição. É a tentativa final de Israel consumar o projeto iniciado em 1917: apagar a Palestina e o povo palestino do mapa e da consciência global.


Sob o eufemismo de “guerra”, testemunhamos um genocídio. As imagens de crianças despedaçadas sob os escombros de suas casas, os hospitais deliberadamente bombardeados, a fome utilizada como arma de guerra, o meticuloso registro de milhares de mortos – a maioria mulheres e crianças – não são “danos colaterais”, são a manifestação de uma política de aniquilação. Cada escola destruída, cada arquivo histórico reduzido a pó, cada árvore centenária arrancada, é um golpe contra a memória, contra a existência, contra o futuro.


Um testemunho silenciado dessa política é o assassinato de 252 jornalistas e mais de 181 trabalhadores humanitários, dos 22 hospitais, 20 foram totalmente destruídos, desde o início do massacre em Gaza. Estes não foram 'danos colaterais'; foram alvos. Suas mortes são a prova de um esforço calculado para apagar a verdade e sufocar a ajuda, operando na impunidade e nas sombras.


A narrativa sionista sempre se vestiu com a roupagem da vítima, justificando a expansão e a violência como uma necessidade para a segurança. No entanto, a história, quando lida a partir do outro lado, revela uma verdade mais dura: o projeto nunca foi sobre encontrar um refúgio seguro para judeus, mas sobre criar um estado etnocêntrico que requer, para sua própria lógica, a negação e a eliminação do outro. A Palestina que um dia abrigou judeus com amor e resiliência, viu esse gesto de humanidade ser distorcido em uma justificativa para sua própria extinção.


Passaram-se 108 anos desde que um império estrangeiro deu o que não era seu e passaram-se 757 dias desde que o herdeiro desse projeto colonial decidiu terminar o trabalho.


Mas a resistência palestina, tanto a armada quanto a profundamente humana de simplesmente existir, persiste, resiste. A cada tenda em Rafah, a cada criança que nasce entre os escombros, a cada nome palestino repetido com orgulho, o projeto de apagamento falha. A memória é mais resistente que as bombas, e a luta por justiça, mais duradoura que qualquer império. A promessa de Balfour pode ter plantado a semente, mas a colheita será, inevitavelmente, a de uma Palestina livre.


Coincidências à parte, a carta tem seu marco no dia 2 de novembro, o que o Ocidente homenageia o Dia de Finados. Uma data dedicada não à comemoração, mas à memória. Um dia para relembrar e reviver, mesmo que apenas nos corações, aqueles que um dia partiram, pessoas com nomes, sobrenomes e histórias próprias, que a morte não é capaz de silenciar.


Porque quem tem nome, sobrenome e uma história para contar nunca é, de fato, silenciado nem pelo genocidio, limpeza étnica.

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