Com colaboração de Israel, HTS lança ofensiva em Aleppo e cientistas são alvos de execuções
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- 23 de mar.
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Ataque e morte de professor armênio
Em 27 de novembro de 2024, combatentes do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ex-afiliado da Al-Qaeda na Síria, realizaram um ataque relâmpago contra Aleppo, a segunda maior cidade do país. Durante a investida, o professor armênio Yervant Arslanian foi assassinado por um suposto atirador do HTS enquanto tentava fugir do conflito.
Arslanian, que havia trabalhado na Itália com sistemas de armas, era chefe da equipe de pesquisa de armamentos avançados da Escola Árabe de Ciência e Tecnologia em Aleppo. Sua morte gerou especulações sobre os reais interesses por trás do ataque. O jornalista sírio-armênio Kevork Almassian sugeriu que o HTS não atuava sozinho. "Adivinha quem também é obcecado pelos pesquisadores científicos da Síria? Israel", escreveu Almassian na rede social X.
No mês anterior, Israel já havia realizado uma série de ataques aéreos contra uma instalação do Centro de Estudos e Pesquisas Científicas (SSRC) em Masyaf, matando 14 pessoas e ferindo 53. Fontes da inteligência regional afirmaram à Reuters que a instalação abrigava especialistas iranianos na produção de armamentos.
A morte de Arslanian foi vista como parte de um padrão mais amplo de ataques contra cientistas sírios, sugerindo uma possível colaboração entre Israel e o HTS para eliminar a capacidade militar do país. Enquanto Israel bombardeava infraestrutura militar, o HTS atacava engenheiros e cientistas vitais para o desenvolvimento de armas, enfraquecendo a defesa síria.
No final de novembro, o HTS capturou Aleppo com pouca resistência e avançou rapidamente em direção a Hama e Homs. Em 8 de dezembro, o líder do grupo, Ahmad al-Sharaa, conhecido como Abu Mohammad al-Julani, entrou em Damasco, marcando o fim de mais de 50 anos de governo da família Assad. Com a fuga de Bashar al-Assad para a Rússia, Israel intensificou suas operações militares. Em 48 horas, a Força Aérea Israelense realizou 480 ataques aéreos, destruindo a maioria das instalações militares sírias.

Massacre de engenheiros em Fahel
A violência contra cientistas e engenheiros militares continuou após a consolidação do HTS no poder. Em 26 de janeiro de 2025, 13 engenheiros militares foram executados em Fahel, na província de Homs. Segundo uma fonte citada pelo jornal The National, os corpos foram identificados na entrada da vila, e a maioria das vítimas foi morta com tiros na cabeça a curta distância.
Rami Abdulrahman, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR), afirmou à BBC Árabe que as vítimas não estavam envolvidas em combates e já haviam se submetido a processos de reconciliação com o novo governo do HTS. O massacre ocorreu em meio a uma onda de assassinatos sectários de alauitas em Hama e Homs, que o próprio líder do HTS considerou "normais" e previsíveis por pelo menos "dois ou três anos".

Desaparecimentos e execuções
O assassinato de cientistas não se limitou a Fahel. Em fevereiro, o SOHR relatou o desaparecimento de três cientistas após serem convocados pelo Departamento de Operações Militares do HTS. Outros foram interrogados por homens mascarados armados antes de serem liberados.
Em 13 de fevereiro, o engenheiro militar Shawkat al-Ahmed e sua esposa, Nijah Suleiman, foram brutalmente assassinados em Basirat al-Jared, Tartous. Ahmed foi executado com um tiro na cabeça, e sua esposa foi estrangulada com um cinto. Seus corpos foram encontrados em um galinheiro. Uma fonte citada pelo The Cradle afirmou que cientistas e engenheiros sírios estão agora escondidos e que há fortes indícios de envolvimento israelense nesses assassinatos.
Impacto para a defesa da Síria
A perseguição sistemática de cientistas militares pode comprometer a capacidade da Síria de desenvolver sua própria defesa no futuro. Sem esses especialistas, o país dependerá de aliados regionais para manter sua segurança, o que, segundo analistas, pode favorecer estratégias alinhadas aos interesses dos Estados Unidos e de Israel.
As ações recentes seguem um histórico de ataques a instalações de armamentos sírios, incluindo o desmantelamento de estoques químicos após o incidente de Ghouta em 2013. Na época, um ataque com armas químicas foi atribuindo ao governo Assad, embora especialistas levantem dúvidas sobre a autoria real do episódio.
A escalada de violência na Síria continua a redefinir o cenário geopolítico da região, com as recentes ofensivas do HTS e os ataques israelenses deixando um rastro de destruição e incerteza sobre o futuro do país.
Fonte: The Cradle































































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