Juristas franceses tentam barrar carga de armas para genocídio em Gaza
- Clandestino
- 7 de jul.
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Um grupo de juristas e advogados franceses apresentou, neste domingo (6), um apelo urgente ao tribunal administrativo de Montreuil, na França, exigindo a suspensão imediata do envio de um carregamento militar destinado à empresa israelense Elbit Systems. A carga, de origem sueca, está sendo transportada pela empresa Swebor Stal Svenka AB e tem passagem prevista pelo aeroporto Roissy-Charles de Gaulle, em Paris.

A iniciativa foi liderada pelo coletivo Juristas pelo Respeito do Direito Internacional (JURDI), que alerta para os riscos legais e éticos envolvidos no trânsito de armas destinadas à principal fornecedora militar do exército israelense — especialmente em meio às graves denúncias de crimes de guerra em Gaza.
Segundo comunicado publicado pelo grupo na rede social X, a Elbit Systems tem papel central nas operações militares israelenses, inclusive nas ofensivas que vêm sendo realizadas na Faixa de Gaza. Os juristas destacam que armamentos da empresa já foram identificados em ataques contra civis e trabalhadores humanitários, o que levanta sérias preocupações quanto à cumplicidade da França em crimes internacionais.
"Permitir o trânsito desregulado de equipamentos militares destinados à Elbit Systems é, na prática, facilitar crimes já denunciados por instâncias como a Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Penal Internacional", afirma o grupo, que cobra uma posição firme do governo francês.
O JURDI invoca o artigo 9º do Tratado sobre o Comércio de Armas, que impõe aos países signatários, como a França, a responsabilidade de regular o trânsito de armamentos em seu território, sobretudo em situações que envolvem violações do direito internacional humanitário.
Apesar de um pedido formal à Direção Geral de Alfândegas, o governo francês não tomou nenhuma medida para barrar ou fiscalizar o envio. Para os juristas, a omissão expõe a França ao risco de violar suas obrigações legais internacionais, sobretudo no que diz respeito à prevenção e à não colaboração com atos de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
A carga tem embarque previsto para o dia 8 de julho e, segundo os juristas, pode alimentar diretamente a máquina de guerra israelense em meio a um contexto de ocupação ilegal e massacres documentados na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Desde o início das operações militares de Israel em outubro de 2023, o Ministério da Saúde da Palestina reporta mais de 57 mil mortos e mais de 136 mil feridos — números que ilustram, segundo o grupo, a urgência de interromper qualquer colaboração material com tais ações.
A denúncia acontece em meio a uma onda de mobilizações populares na França e na Suécia, onde estivadores já se recusaram a carregar armamentos destinados a Israel. Além disso, autoridades locais na Córsega aprovaram uma resolução exigindo o reconhecimento do Estado da Palestina e o fim do envio de armas por parte da França.
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