Letalidade policial cresce em 10 estados; São Paulo lidera aumento com 48,6%

A letalidade policial aumentou em dez estados brasileiros entre 2023 e 2024, segundo um relatório do Ministério da Justiça e Segurança Pública. São Paulo, governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), lidera a lista, com um salto de 48,61% no número de ocorrências fatais, o maior índice entre as unidades federativas analisadas. Os dados não incluem dezembro de 2024, o que pode elevar ainda mais o percentual.

Entre janeiro e novembro de 2024, o estado registrou 740 mortes em ações policiais, em comparação com 504 no mesmo período do ano anterior. Além de São Paulo, o aumento foi constatado nos estados de Minas Gerais, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Distrito Federal, Pará, Alagoas, Tocantins e Piauí.

Falta de controle e resistência ao uso de câmeras

O secretário Nacional de Comunicação, Jilmar Tatto, atribuiu o crescimento à falta de uma política de segurança pública eficiente em São Paulo. Ele destacou a resistência inicial do governador em implementar câmeras nos uniformes dos policiais militares, medida que ganhou força após imagens de violência policial gerarem pressão pública.

“É uma polícia truculenta, e temos visto várias imagens de agentes despreparados que não seguem os protocolos adequados. O policial que trabalha de maneira correta não tem problema com câmeras, mas há uma falta de controle por parte do governo”, criticou Tatto.

Ele defendeu que São Paulo deveria liderar em políticas públicas que promovam a segurança e o bem-estar da população, em vez de ocupar o topo da lista de violência policial.

Em nota, o governo paulista afirmou que não compactua com desvios de conduta e adota medidas rigorosas contra infratores. Segundo o comunicado, desde 2023, mais de 300 policiais foram demitidos ou expulsos, e mais de 450 agentes foram presos. A administração estadual também destacou investimentos no treinamento do efetivo para reduzir a letalidade.

Dados nacionais e posicionamento de outros estados

O relatório do Ministério da Justiça apontou um total de 6.392 mortes decorrentes de ações policiais em 2024, contra 6.028 em 2023. Destas, 5.853 eram homens, 44 mulheres e 131 não tiveram o gênero informado.

Alguns estados, como Espírito Santo, Ceará, Maranhão, Distrito Federal e Pará, informaram que mortes em ações policiais são investigadas rigorosamente pelas corregedorias das polícias Civil e Militar. Outros estados mencionados no relatório não responderam às solicitações de esclarecimento.

A escalada da letalidade policial em São Paulo e em outras regiões acende um alerta sobre a necessidade de políticas mais efetivas e um controle rigoroso sobre as ações das forças de segurança.