Mais de 480 civis foram mortos em ataques em Darfur do Norte, no Sudão
- Clandestino
- 27 de abr.
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Em duas semanas deste mês, mais de 480 civis foram mortos em ataques em Darfur do Norte, no Sudão, com alguns desses ataques sendo motivados etnicamente, segundo o Relatório das Nações Unidas. O Escritório de Direitos Humanos da ONU indicou que pelo menos 481 civis perderam a vida desde 10 de abril, com a possibilidade de o número real ser ainda maior.
A violência desenfreada inclui episódios de violência sexual, afetando meninos e meninas, com as agressões descritas como "horríveis". Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU, destacou a intensidade do sofrimento do povo sudanês, chamando a situação de "impossível de aceitar". Darfur do Norte tornou-se um campo de batalha central na guerra que começou em 15 de abril de 2023, entre o exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (RSF), paramilitares comandados por Mohamed Hamdan Daglo. Este conflito já resultou em dezenas de milhares de mortes, sendo descrito pela ONU como a pior crise humanitária global.
Entre os ataques mais recentes, um ocorreu no campo de deslocados de Zamzam, entre 11 e 13 de abril, deixando ao menos 210 civis mortos, incluindo nove profissionais de saúde. Relatos indicam que mulheres, meninas e meninos foram vítimas de estupro coletivo no local ou enquanto tentavam escapar. Outros ataques nas semanas seguintes resultaram em mais mortes, incluindo pelo menos 129 civis entre domingo e quinta-feira desta semana, nos campos de deslocados de el-Fasher e Abu Shouk. Muitos desses ataques foram descritos como etnicamente motivados, visando comunidades específicas.

Falta de Alimentos e Assistência Médica
Além das mortes e ataques, a ONU relatou que dezenas de pessoas morreram devido à falta de alimentos, água e assistência médica em centros de detenção controlados pelas RSF ou enquanto tentavam escapar da violência, caminhando por dias em condições adversas. O Escritório de Direitos Humanos da ONU também relatou que centenas de milhares de civis foram deslocados em Darfur do Norte, enfrentando condições terríveis devido a restrições no acesso à ajuda humanitária.
Corte de Rações Alimentares e Risco de Colapso Humanitário
Apesar da crise crescente, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU alertou que pode ser forçado a reduzir suas operações devido à falta de financiamento. As rações alimentares foram cortadas para 70% da ração padrão, e a assistência humanitária está sendo comprometida pelos ataques constantes contra trabalhadores humanitários e profissionais médicos. A ONU também destacou que fontes de água foram deliberadamente atacadas, agravando ainda mais a situação dos deslocados.
Apelo Internacional e Risco de Limpeza Étnica
Em um alerta mais amplo, o Ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, afirmou que a violência em Darfur do Norte carrega "as características de uma limpeza étnica" e pode ser considerada um crime contra a humanidade. Lammy pediu uma desescalada urgente do conflito e afirmou que o Reino Unido usaria todas as ferramentas disponíveis para responsabilizar os responsáveis pelas atrocidades cometidas na região.