Mais de 750 crianças em Manica deixam as salas de aula para trabalhar em garimpos de ouro
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Mais de 750 crianças abandonaram a escola no distrito de Vanduzi, em Manica, Moçambique, para se dedicar à mineração artesanal de ouro, atividade que tem se tornado principal fonte de renda para famílias vulneráveis na região. Autoridades locais e representantes da sociedade civil alertam para os riscos sociais e educacionais dessa prática.
O garimpo é visto por muitos pais como uma oportunidade de garantir a sobrevivência econômica da família, embora comprometa o acesso à educação. Augusta Mateus, mãe de seis filhos, afirmou que, apesar de reconhecer a importância dos estudos, o dinheiro obtido pelo trabalho infantil ajuda nas despesas domésticas e garante pelo menos duas refeições diárias para a família.

A situação reflete-se nas escolas locais. Na Escola Básica de Púnguè Sul, muitas salas ficaram vazias devido à evasão provocada pelo garimpo. Marcelino Pereira, diretor do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Vanduzi, declarou que os números de crianças fora da escola aumentaram de forma vertiginosa no terceiro trimestre e alertou para a necessidade de conscientizar os pais sobre os impactos futuros dessa decisão.
A governadora da província, Francisca Tomás, também se manifestou, pedindo a líderes comunitários, religiosos e famílias que garantam a reintegração das crianças ao sistema escolar. Ela enfatizou que a participação de crianças na mineração compromete seu futuro e reforçou a importância de respeitar o período de matrículas das classes iniciais.

Danilo Mairosse, da Plataforma da Sociedade Civil (PLASOC), destacou que o Estado tem responsabilidade crucial na proteção dos direitos das crianças, lembrando que Moçambique é signatário de convenções internacionais contra o trabalho infantil. Ele sugeriu medidas de apoio às famílias vulneráveis, como cestas básicas, para reduzir a necessidade de crianças trabalharem em garimpos.




























































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