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O jornalista Muath, que foi baleado no olho em 2019, passou nove meses preso em 2023, foi novamente sequestrado por terroristas israelenses

  • Foto do escritor: Siqka
    Siqka
  • 20 de ago.
  • 3 min de leitura

Hoje soube que o jornalista palestino Muath Amarneh foi preso novamente pelas forças de ocupação israelenses enquanto transitava pela estrada que liga Bethlehem (Belém) a Al-Khalil (Hebron). Segundo uma fonte de segurança, Amarneh foi interceptado, preso e transferido para um destino desconhecido, em mais um episódio de terrorismo constante enfrentado por jornalistas palestinos. Amarneh já havia sido alvo de ataques em 2019, quando perdeu o olho esquerdo após ser atingido por uma bala de metal revestida de borracha durante a cobertura de protestos contra o Muro do Apartheid e os assentamentos ilegais em Al-Khalil. Ele também foi preso pela primeira vez em outubro de 2023, permanecendo nove meses em detenção administrativa sob condições precárias de saúde e negligência médica.


Muath, além de jornalista, é um ser humano dos mais espetaculares que tive o prazer de conhecer e que, por sorte, posso me referir como um irmão. Sendo assim, com o sentimento de impotência de mais uma vez não poder ajudar, me resta apenas escrever sua história, de novo.


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Muath Amarneh se tornou símbolo da violência contra jornalistas palestinos. Em 15 de novembro de 2019, enquanto cobria protestos na cidade de Surif, na Cisjordânia ocupada, foi atingido no olho esquerdo por forças israelenses, mesmo usando colete à prova de balas e capacete com identificação de imprensa. Fragmentos da bala permaneceram alojados próximos ao cérebro, impossibilitando a remoção sem risco de lesão permanente.


A repercussão internacional foi imediata, com a campanha “We Are All Muath” – da qual houve participação de jornalistas e fotógrafos de todo o mundo, incluindo o brasileiro Sebastião Salgado – denunciando o ataque, mas a atenção diminuiu com o tempo, enquanto Amarneh seguia convivendo com o risco diário à sua vida.


Saiba mais sobre o tiro que cegou Muath em: https://www.monitordooriente.com/20211013-todos-ainda-somos-muath/


Muath quando baleado em novembro de 2019.
Muath quando baleado em novembro de 2019.


Em 16 de outubro de 2023, poucos dias após o início da atual fase do genocídio, Amarneh foi preso. Meses antes, junto com minha esposa Diana Emidio, tivemos o prazer de abraçá-lo quando comparecemos à Conferência anual do Sindicato de Jornalistas Palestinos em Ramallah.



Desde então, Muath se tornou muito mais que um amigo, dividindo conosco um pouco do campo de Refugiados que vive próximo a Bethlehem, de sua própria família e sua história...


Nos dez meses que esteve preso, sofrendo abusos, não pude contatar sua família por medo de represálias contra eles, porém estivemos em constante contato com o Sindicato de Jornalistas Palestinos, denunciando os abusos contra Muath e contra todos os outros jornalistas palestinos, no qual o Diretor Musa Al-Shaer nos concedeu uma entrevista exclusiva para o Monitor do Oriente para explicar a situação de Muath e dos outros palestinos sequestrados por Israel.


Naquele momento, as forças israelenses alegaram incitação e sabotagem contra o Estado de Israel devido às publicações do jornalista nas redes sociais. Durante a detenção administrativa, que durou nove meses, ele enfrentou agressões físicas, tortura psicológica, condições precárias de alimentação e higiene, e falta de cuidados médicos, agravando seu quadro de saúde devido à diabetes e ao fragmento ainda alojado em sua cabeça. A família só conseguiu localizar Amarneh graças a informações de outros prisioneiros libertos.


Após sair da prisão, gravamos novamente uma entrevista denunciando os abusos sofridos. Confira em: https://www.monitordooriente.com/20240722-memo-entrevista-jornalista-muath-amarneh-apos-nove-meses-preso-por-israel/


Muath  - Antes e depois da prisão.
Muath - Antes e depois da prisão.

Mesmo diante desses desafios, Amarneh manteve seu compromisso com o jornalismo. Ele denunciou crimes da ocupação israelense e alertou a comunidade internacional sobre a realidade dos palestinos. “O que eles querem é que paremos de expor o que está acontecendo. Querem nos intimidar, mas eu não vou parar. Nada me fará desistir de lutar por uma Palestina livre”, afirmou. E por isso foi preso novamente, por denunciar os abusos que sofre, assim como todos os outros palestinos.


Atualmente, Muath está preso e sabe-se lá em qual masmorra israelense. Não posso falar com ele nem com sua família; as únicas informações verdadeiras que posso alcançar são as que Musa pode fornecer do Sindicato. Só que a importância de revelar tudo isso é, mais uma vez, reforçar o que venho dizendo desde que conheci Muath: a violência contra os jornalistas palestinos é um modus operandi de Israel. Muath é um que, por sorte, não teve – ainda – o mesmo destino dos outros 223 (dados oficiais do PJS) assassinados. Portanto, seguimos denunciando, para que o mundo veja que Muath é um, mas que representa todo um povo palestino e, além disso, representa a coragem que os jornalistas ocidentais não têm para denunciar o terrorismo promovido por Israel.


 
 
 

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