Potências europeias ameaçam Irã com possível reintrodução de sanções

Alemanha, Reino Unido e França afirmaram estar prontas para ativar o mecanismo de sanções contra o Irã caso não seja alcançada uma solução negociada para o programa nuclear iraniano até o final de agosto. A declaração foi feita em carta enviada à ONU pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países, obtida pela AFP e confirmada pelo Financial Times.

Os ministros Johann Wadephul (Alemanha), Jean-Noël Barrot (França) e David Lammy (Reino Unido) destacaram o "compromisso com uma resolução diplomática" e disseram que continuarão as negociações para evitar a imposição de sanções. Segundo a carta, caso o Irã não aceite uma solução diplomática ou uma prorrogação, os países estão preparados para acionar o mecanismo que permite o restabelecimento das sanções internacionais.

A iniciativa ocorre dois meses após ataques israelenses e dos EUA contra a República Islâmica, que interromperam negociações entre Teerão e Washington, assim como com o grupo europeu E3 (Alemanha, França e Reino Unido). Desde então, o Irã suspendeu a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

O ministro iraniano Abbas Araghchi afirmou recentemente que um diretor-geral adjunto da AIEA visitaria Teerão para tratar de um novo quadro de cooperação e contestou a legitimidade do E3 para reativar o mecanismo de sanções. Em resposta, os três países consideraram as alegações iranianas “infundadas” e reforçaram que possuem respaldo legal para usar as disposições da resolução 2231 (2015) do Conselho de Segurança da ONU.

O E3, juntamente com EUA, China e Rússia, integra o acordo nuclear de 2015 (JCPOA), que limitava o programa nuclear iraniano em troca de alívio gradual de sanções. Os EUA saíram unilateralmente do acordo em 2018, mas os países europeus mantêm o compromisso de cumprir o tratado e prosseguir com relações comerciais com o Irã.