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UE 'pressiona' Israel e expõe contradições de um genocídio justificado com tanques

Bruxelas desafia Tel Aviv e coloca em xeque o Acordo de Associação, enquanto pressões internacionais crescem diante da catástrofe humanitária em Gaza


Belal Khaled, Faixa de Gaza, Palestino, 2025.
Belal Khaled, Faixa de Gaza, Palestino, 2025.


A decisão da União Europeia de rever o Acordo de Associação com Israel acendeu o estopim diplomático entre o bloco europeu e Tel Aviv. A medida, que visa avaliar "possíveis violações de direitos humanos" por parte do governo israelense durante sua ofensiva em Gaza, foi recebida com indignação pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, que a classificou como "uma incompreensão total da realidade complexa que enfrentamos".


A revisão do acordo, em especial do artigo 2.º — cláusula que condiciona as relações comerciais e diplomáticas ao respeito aos direitos humanos —, foi anunciada pela chefe da política externa da UE, Kaja Kallas, após uma forte maioria entre os ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros demonstrar apoio à proposta, originalmente apresentada pelo representante neerlandês Caspar Veldkamp.


A reação israelense veio por meio do porta-voz Oren Marmorstein, que rejeitou a iniciativa do bloco europeu e acusou a UE de "fortalecer o Hamas" ao criticar Tel Aviv. Em sua declaração, ele reiterou que “esta guerra foi imposta a Israel” e elogiou os países que se posicionaram contra a revisão.



Rachaduras no apoio europeu

A divisão no interior da UE ficou evidente. Bélgica, França, Irlanda, Portugal, Espanha, Suécia e outros sete países apoiaram abertamente a revisão antes mesmo da reunião desta terça-feira. Dinamarca, Estônia, Polônia e Romênia somaram-se ao bloco favorável durante o encontro. Enquanto isso, potências como Alemanha, Itália, Hungria e Grécia manifestaram oposição ou hesitação.


Kaja Kallas foi incisiva: “A situação em Gaza é catastrófica. A ajuda permitida por Israel é bem-vinda, mas é insuficiente. A revisão é inevitável se quisermos preservar alguma coerência entre nossos valores e nossas parcerias”.



Pressão além-mar: Londres, Paris e Ottawa endurecem o tom

O endurecimento da posição europeia acompanha um movimento global de crescente desconforto com as ações de Israel. O Reino Unido suspendeu negociações comerciais, impôs sanções a colonos da Cisjordânia e convocou o embaixador israelense em Londres. A França e o Canadá uniram-se ao coro, ameaçando "ações concretas" caso as operações militares em Gaza não cessem e as restrições à ajuda humanitária não sejam suspensas.


A resposta de Israel foi previsível: classificou as sanções como “injustificadas e lamentáveis” e tentou minimizar o impacto das suspensões comerciais.


Um pacto sob revisão — e um sistema internacional à beira da ruptura

A revisão do Acordo de Associação entre UE e Israel representa um teste de coerência para a política externa europeia, que historicamente se equilibra entre interesses financeiros e a retórica dos direitos humanos. A ofensiva israelense, cada vez mais criticada por organizações internacionais, já deixou milhares de civis mortos e provocou uma crise humanitária sem precedentes na Faixa de Gaza.


Ao colocar o acordo em xeque, a Europa dá um passo tímido, mas simbólico, na direção de responsabilizar um aliado que há décadas opera com amplo respaldo ocidental. A questão agora é saber se essa revisão resultará em consequências práticas — ou se será apenas mais uma nota diplomática na longa lista de indignações impotentes.

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