PF encontra anotações na agenda pessoal de Heleno que indicam espionagem contra políticos do PT

A Polícia Federal localizou anotações na agenda pessoal do general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que sugerem monitoramento político e possível espionagem durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O conteúdo, divulgado pela CNN Brasil, menciona políticos do PT, como o ex-deputado Vicente Cândido, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

AUGUSTO HELENO I ARQUIVO

Entre as anotações, Cândido é chamado de “novo Vaccari”, em referência ao ex-tesoureiro do PT preso na Operação Lava Jato, e há menções à suposta vigilância da Abin, descrita como “de olho nele”. Outros trechos incluem expressões como “bunker em São Paulo” e “braço em Brasília”, além de referências à atuação da Polícia Federal e a preocupações relacionadas ao período eleitoral.

O documento também lista instituições e pessoas ligadas ao PT, como o Washington Brazil Office, a Transparência Eleitoral e o Grupo de Puebla, apontadas como opositoras à reeleição de Bolsonaro. Apesar da gravidade do conteúdo, a PF decidiu não indiciar Heleno no inquérito que investiga o uso da Abin para fins políticos.

Heleno, entretanto, responde criminalmente em outro processo que apura tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do Presidente Lula, eleito em 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) classifica o general como parte do “núcleo crucial” do plano, ao lado de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin. Segundo a denúncia, ambos teriam compartilhado documentos e orientações para que o então presidente Bolsonaro desobedecesse decisões do Supremo Tribunal Federal, sendo acusados por crimes como tentativa de golpe, organização criminosa armada e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.