Zambelli Queima no Esquecimento: Câmara se Cala Após STF Impor 10 Anos de Prisão à Deputada Bolsonarista
- Clandestino
- há 5 dias
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Em um movimento que escancara o isolamento político da deputada Carla Zambelli (PL-SP), a cúpula da Câmara dos Deputados decidiu não interferir na condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que nesta quarta-feira (14) sentenciou a parlamentar a 10 anos de prisão por invasão de sistema informático e falsidade ideológica.
O silêncio da Câmara contrasta com a reação no caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), cuja ação penal foi suspensa após articulação da própria Casa. No entanto, quando o PL tentou repetir a estratégia e acionou a presidência da Câmara para que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) analisasse a possibilidade de imunidade parlamentar para Zambelli, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) não levou a solicitação adiante. A omissão freia qualquer debate interno sobre sua defesa.
Zambelli foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF, ao lado do hacker Walter Delgatti Neto. A dupla foi responsabilizada pela invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, fixou a pena em 10 anos de prisão e determinou a perda do mandato da deputada.
Durante o julgamento, a defesa da parlamentar pediu que o STF aguardasse uma manifestação da Câmara sobre a imunidade, mas Moraes negou, argumentando que os crimes ocorreram durante o mandato anterior, já encerrado — o que inviabiliza o uso do foro privilegiado.
Nos bastidores da Mesa Diretora da Câmara, a leitura predominante é a de que os casos de Zambelli e Ramagem não são comparáveis. Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ainda não enfrenta provas materiais robustas, segundo interlocutores da Casa. Já Zambelli teria deixado rastros contundentes de sua atuação criminosa, o que tornaria indefensável qualquer tentativa de blindagem.
A deputada bolsonarista, que em 2022 foi flagrada armada perseguindo um homem negro na véspera do segundo turno das eleições, vem enfrentando crescente desgaste político, inclusive entre seus próprios aliados.
Ainda assim, o PL busca alternativas para evitar a cassação. A aposta agora é de que o União Brasil, partido do ministro das Comunicações Juscelino Filho — investigado por uso de verbas públicas para beneficiar propriedades familiares — leve à Câmara o debate sobre a imunidade parlamentar. Na visão do PL, se a Mesa aceitar discutir o alcance da prerrogativa em um novo caso, isso pode abrir brecha para rever a situação de Zambelli.
Por ora, porém, a parlamentar parece abandonada até por aqueles que antes marchavam ao seu lado.
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