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Como roubar um país com uma xícara de chá: Entenda como começou a colonização britânica na Índia

Imagine que um dia você convida alguém para tomar um chá — e essa pessoa, educadamente, te domina, escraviza seu povo, saqueia suas riquezas e ainda te agradece pela hospitalidade. Parece piada? Pois essa foi, em termos bastante simplificados (e absurdamente reais), a gênese do domínio britânico sobre a Índia.


O que começou como uma troca comercial inocente logo se revelou um projeto de dominação colonial, sustentado por ganância, violência e uma sofisticação imperial que transformou um império em nome da liberdade — e uma colônia em fábrica de lucros.


Fome de Bengala. Homem desnutrido, em Bengala, 1943
Fome de Bengala. Homem desnutrido, em Bengala, 1943

Da Companhia ao Império: o golpe disfarçado de comércio

A história começa com a Companhia Britânica das Índias Orientais, uma empresa privada com poderes estatais concedidos pela Coroa. Fundada em 1600, ela veio com o discurso amigável do livre mercado, trazendo tecidos, especiarias e promessas de parceria. O que ninguém sabia é que essa "empresa" tinha direito de manter exército, declarar guerra e cobrar impostos. Sim, você leu certo: era um exército com CNPJ.


Ao longo dos séculos XVII e XVIII, a Companhia foi se infiltrando nos territórios indianos, fazendo alianças com príncipes locais, manipulando rivalidades e aproveitando o declínio do Império Mughal. O golpe de mestre veio em 1757, na Batalha de Plassey, quando os britânicos derrotaram o governante de Bengala com ajuda de traições e corrupção. Estava aberto o caminho para o saque sistemático.


Império S.A.: como o colonialismo virou modelo de negócios

A Companhia das Índias não só explorou as riquezas locais, mas destruiu indústrias tradicionais indianas, impôs monoculturas e transformou regiões inteiras em zonas de produção para exportação — tudo em benefício da metrópole inglesa. Ao mesmo tempo, usava força militar para esmagar revoltas e garantir sua presença.


Quando a Revolta dos Sipais eclodiu em 1857 — um dos maiores levantes anticoloniais do século XIX — a Coroa britânica decidiu que o negócio estava grande demais para ficar com uma empresa privada. Resultado? Em 1858, a rainha Vitória assumiu oficialmente o controle da Índia, fundando o que ficou conhecido como o Raj Britânico.


Civilização com baionetas: o discurso da superioridade

Claro que o Império Britânico não dizia que estava saqueando. Pelo contrário, os discursos oficiais falavam em “levar civilização, progresso e bons modos” aos nativos. Tudo isso enquanto cobravam impostos extorsivos, causavam fome em massa (como a grande fome de Bengala em 1943) e executavam líderes populares.


A colonização foi maquiada como missão civilizatória. Na prática, era exploração sistemática: a Índia foi espoliada de suas riquezas naturais, culturais e humanas. Milhões morreram em fomes causadas por políticas econômicas britânicas — mas a história oficial preferiu exaltar o trem, o telégrafo e o críquete.


Quando o comércio vira ocupação

A colonização britânica na Índia começou como uma transação comercial e terminou como um dos capítulos mais violentos da história moderna. É o retrato perfeito de como o capitalismo colonial se disfarçou de boa intenção — e funcionou por quase dois séculos.


Portanto, da próxima vez que alguém te oferecer um chá de democracia... desconfie. A xícara pode vir acompanhada de um exército.

 
 
 

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